quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Grindhouse

Planet Terror




Terror Cinematográfico
Rodriguez e Tarantino são amigos desde há muito, tendo feito inúmeras parcerias cinematográficas, com Tarantino a apoiar o seu discípulo ao participar como actor e realizador convidado nos filmes de Rodriguez. Daí não ser surpresa nenhuma fazerem este “Grindhouse” em conjunto. Afirmação: “Grindhouse”, “homage” ao pior cinema à face da terra, tem em “Planet Terror” a sua metade mais coerente. Heresia? Talvez… afinal, Rodriguez foi sempre o parente pobre de Tarantino. Mas, se Death Proof é claramente uma obra mais “inteligente” (e uso o termo de forma laica), não é, na sua essência, um verdadeiro “Grindouse feature”… “Planet Terror” é. Nojento, pornográfico, repleto de “gore” de dar volta à tripa, e diálogos tão maus que acabam por dar a volta e ter piada, “Planet Terror” tem tudo o que um filme série z deve ter e muito mais. Rodriguez, ao contrário de Tarantino, é fiel àquilo que pretende homenagear, e aceitou os riscos e saltos na imagem como parte da experiência cinematográfica associada às salas “Grindhouse”. Até uma bobine em falta existe na projecção do filme, o que se traduz por uma enorme elipse temporal que deixa o público a perguntar-se o que raio se passou naqueles minutos que perdeu. É tão estúpido que parece genial.

A história é ainda mais estapafúrdia que a de “Death Proof”: um exército obscuro anda a traficar um gás capaz de transformar todos os que o ingerem em zombies tresloucados. Quando o gás zombificador se começa a espalhar, um grupo de incautos membros da vila onde se situa a base militar do dito exército tem de fugir para sobreviver. É claro, que no percurso vai matar milhares de zombies sem qualquer hesitação. No final, uma revelação descortinará uma enorme conspiração do exército americano que poderá condenar todo o mundo à destruição. Parece mau? Talvez seja, mas tenha-se em conta que tudo isto não passa duma mera desculpa para ver muito sangue a jorrar, tripas a serem comidas, testículos a serem arrancados, pústulas a rebentarem e, numa cena que ficará decerto para a história do cinema, uma violação com um pénis a desfazer-se.

Curiosamente, as referências de Rodriguez para este festival de carnificina são bem mais descortináveis que as da metade de Tarantino, que à parte de um filme de Peckinpah e outros filmes com perseguições de automóveis notáveis, tem homenagens bem obscuras. George Romero (pai do cinema zombie), John Carpenter (propulsionador do cinema de terror série B de “qualidade”) e Lucio Fulci (realizador de filmes série “z” italianos), são as referências mais óbvias, quer pelas temáticas que exploravam (o cinema zombie de Romero), quer pela estética adoptada (50% da música do filme parece copiada de um filme de Carpenter e o “gore” extremo e obsceno traz memórias de Fulci). Talvez até mais que homenagear estes cineastas, Rodriguez tenha escolhido homenagear os seus seguidores, que como ele, adoptam as convenções dos mestres e transformam-nas em divertimento despretensioso e ridículo, exactamente aquilo que se espera de um “Grindhouse feature”. Mas nunca fazendo pouco do género, “Planet Terror” pode ser idiota, mas leva-se a si mesmo a sério, como aliás, todas as pérolas que referencia. E por isso, para o bem e para o mal é um filme indispensável para os fãs do género que tenham estômago forte. “Planet Terror” é ”Grindhouse”.

Por
Rui Craveirinha

2 comentários:

Black Cat disse...

ah ganda Rui!!!
pénis a desfazer-se...??
nao, obrigado.

PussyCat disse...

Euu quero! Eu quero!