terça-feira, 13 de novembro de 2007

Um novo Fincher

Acabadinho de sair em DVD, aqui fica a minha sugestão para o cinema em casa para esta semana. Para verem mais pormenores acerca do filme basta clicar no nome do filme, para ver o trailer basta clicar no poster.

Classificação:



ZODIAC
EUA/2007/Drama, Crime/158 min
REALIZADOR: David Fincher
ACTORES: Jake Gyllenhaal, Robert Downey Jr., Brian Cox, Mark Ruffalo.

“The Zodiac” foi um dos mais populares e mediáticos “serial-killers” americanos, tendo ficado conhecido pelas cifras que enviava em cartas ameaçadoras às redacções de jornais. Robert Graysmith (cartoonista numa das redacções visadas) acompanhou o caso e escreveu dois livros onde, alegadamente, descortina a identidade do assassino (que ainda hoje se desconhece). Embora muito contestados (os livros contêm inúmeras distorções factuais), o argumento baseia-se neles para retratar uma América aterrorizada.
No núcleo do filme, jazem não os crimes em si, mas a obsessão de um país em descobrir o assassino, relatada do ponto de vista de 3 personagens atormentadas: um jornalista (Robert Downey Jr.), um polícia (Mark Ruffalo), e o próprio Robert Graysmith (Jake Gylenhaal). Nessa busca, abordam-se questões pertinentes do mundo moderno: do poder da mediatização da imprensa (ferramenta essencial do assassino), à impotência das forças policiais.
A temática do “serial-killer” poderia levar a pensar que “Zodiac” é o novo “Se7en”, mas David Fincher escolhe reinventar-se em vez de se repetir. Exceptuando um punhado de cenas onde se vêm as marcas icónicas do realizador (câmaras em locais inauditos, planos dominados por efeitos digitais, cenários decrépitos, etc.), todo o dinamismo, exuberância estilística, explosão e violência de “Fight Club” e “Se7en” desapareceram. Em “Zodiac”, as manipulações são mais subtis, num registo reminiscente do cinema dos anos 70: sóbrio, frio, negro e atmosférico, que toma o seu tempo para mergulhar o espectador num clima de medo e “suspense” muito mais poderoso que o típico filme de terror. “Zodiac”, “thriller” enigmático de raízes “noir”, prova que, às vezes, menos é mais, e que David Fincher amadureceu sem ter perdido o perfeccionismo que o torna único.

Por Rui Craveirinha.

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